quinta-feira, 24 de junho de 2010
Necessidades Educativas Especiais
O atendimento escolar dos alunos com Necessidades Educacionais Especiais
Partindo de uma abordagem Vygotskiana de prática educativa, podemos afirmar que ele não fazia distinção quanto ao desenvolvimento do indivíduo dentro da espécie (ontogenético). As condições patológicas chamadas de PRIMÁRIAS são decorrentes da limitação estrutural funcional do indivíduo, e as denominadas SECUNDÁRIAS são ligadas às funções superiores e mediadas do pensamento. Com esta diferenciação, precisam ser estabelecidos dois planos de ação: um terapêutico e outro pedagógico.
Diferente das práticas geralmente abordadas na Educação Especial, Vygotsky acredita que a criança com necessidades educativas especiais deve estudar em escolas regulares, podendo, desta forma, relacionar-se com crianças que sejam mais desenvolvidas (intelectualmente) do que elas.
A situação patológica, relacionada diretamente com a deficiência, geralmente é irreversível, podendo sofrer raras alterações. O foco da intervenção deve basear-se no desenvolvimento psicológico da criança. Vygotsky afirma que a “vida social” da criança com necessidades especiais é extremamente importante. É necessário que esta criança estabeleça relações com as outras crianças “normais”, compartilhando suas vivências. Todas as crianças precisam misturar-se, tendo em vista que uma pode contribuir no desenvolvimento da outra, servindo como instrumento de mediação junto às zonas de desenvolvimento. Exemplo: uma criança que possui dificuldades na fala terá maiores progressos se estabelecer relações com outras crianças que apresentem desenvoltura na fala.
O educador deve sempre estar atento as reais necessidades de seus alunos, para que possa realizar as mediações necessárias, e intervir de maneira eficaz. Muitas vezes uma abordagem inadequada junto ao aluno, causa confusão e descontentamento por parte do discente. Segundo a lógica Vygotskiana o professor deve antecipar-se, e atuar junto à zona de desenvolvimento proximal, e não adequar-se aos ritmos evolutivos do aluno.
A abordagem de Feuerstein – Conceito da experiência de aprendizagem mediada
Psicólogo israelense é conhecido por métodos elaborados na área da avaliação e do apoio cognitivo. Ele fundamenta seu trabalho sobre dois conceitos básicos: As experiências de mediação na primeira infância são fator primordial na qualidade do desenvolvimento infantil. E o conceito da avaliação do potencial da aprendizagem.
Feuerstein possui teorias bastante semelhantes às de Lev Vygotsky, embora afirme ter seu embasamento Piagetiano. Ele afirma que as pessoas que são isoladas por algum determinado fator, possuem maiores dificuldades no aprendizado, pois não possuem mediadores. Feuerstein desenvolveu seu conceito de mediação a partir de pesquisas realizadas com crianças que viviam situações de abandono familiar, não abandono de fato, porém por motivos de trabalho, as famílias deixavam a zona rural para habitarem os grandes centros urbanos. Na zona rural as crianças recebiam ensinamentos de suas avós, ou seja, recebiam mediação cultural, já nos centros urbanos, sem as avós, essas crianças perdiam seus referenciais, tanto culturais quanto familiares.
Para Feuerstein, existem duas formas de abordagens na educação da criança com necessidades especiais:
Abordagem passiva: significa ter baixas expectativas em relação ao deficiente, não ousando nas situações cotidianas e no prognóstico da vida escolar. Na escola, representa uma concepção “protegida” de educação, são escolhidas as escolas especiais, pois se conclui que lá a criança estará menos ameaçada e receberá um “atendimento especifico”. Exemplo: “Nós entendemos a fala do nosso filho. Isto é suficiente”. Na escola: O professor enfatiza apenas tarefas “concretas” de aprendizagem.
Abordagem ativa: significa trabalhar as atitudes de superproteção e de rejeição com os pais. Na escola, significa promover experiências para que esta criança se sinta incluída no ambiente escolar. Exemplo: “Cada pessoa precisa entender a fala do nosso filho. Nós não estamos satisfeitos quando apenas nós o entendemos”. Na escola: O professor introduz tanto atividades concretas como abstratas.
Tanto para Vygotsky quanto para Feuerstein, a dinâmica social (contato com família, escola, comunidade) propicia compensações psicossociais, e isto é fundamental.
O paralelo entre as duas teorias é bastante significativo. Vygotsky afirma que é de extrema importância para que a criança se desenvolva que ela estabeleça relações com outras crianças consideradas “normais” ou mais avançadas no aspecto intelectual, pois estas crianças podem servir como instrumentos de mediação na construção do conhecimento destas outras crianças, havendo assim, uma interação entre ambos os grupos. Feuerstein complementa isto afirmando que a privação cultural (ou seja, o isolamento, distanciamento) causa dificuldades de formação cognitiva. As trocas sociais entre as crianças são fundamentais para o seu desenvolvimento.
Conforme o paradigma Vygotskiano, o educador mais do que esperar os avanços do desenvolvimento, deve provocar, antecipar, promover, acelerar e potencializar estas capacidades. Manter as crianças especiais separadas é como limitar o seu potencial. Não acreditando na evolução, e na possibilidade da construção do aprendizado.
Postado por Pedagogatas às 21:17
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