quinta-feira, 17 de dezembro de 2009



Análise de Conjuntura do Documentário Ilha das Flores:

O tema central do documentário é baseado na realidade dos moradores do lixão próximo a Ilha das Flores, a história é bastante dinâmica, podendo ser analisada de várias perspectivas.
O texto durante o filme é trazido de forma expositiva pelo narrador, o ator Paulo José.
O curta metragem ainda aborda questões como o abatimento de um porco, dos judeus vítimas do holocausto, e das crianças disputando alimentos entre o lixo, que já não servia nem mesmo de alimento para os porcos, são cenas bastantes chocantes, trazidas com uma análise fria do autor Jorge Furtado.
Se analisarmos de forma global, podemos perceber que as calamidades não acontecem apenas em outros países, como África, Angola,etc... Precisamos perceber que existem situações e condições de vida precária acontecendo muito perto, essas realidades não podem simplesmente passar despercebidas, ou servir apenas como um instrumento de análise.
Os fatos iniciam-se numa plantação de tomates – tomates estes que seguem durante todo o filme - até chegar no lixão, onde os restos de comidas são disputados pelas mulheres, e crianças.. Mostra as relações do dinheiro: troca, moeda, lucro.
Os cenários do filme passam-se na plantação de tomates(local de onde o tomate saí), no supermercado(local onde o tomate é vendido), residência(local de consumo dos tomates comprados no supermercado), lixão da Ilha das Flores(local onde o tomate inadequado para a alimentação foi levado).
Os fatos finais mostram os alimentos podres sendo separados pelos empregados do dono dos porcos, após eles selecionarem os alimentos que julgaram adequados para os porcos, eles abrem os portões, para que os moradores possam “catar” respectivos alimentos. Seres humanos estes, que não tem a possibilidade de selecionar alimentos adequados para sua alimentação, pois não possuem nenhum poder aquisitivo(dinheiro, que movimenta as transações comerciais), e não possuem donos como os porcos, ou seja, não existe ninguém por eles.
Os acontecimentos mostram a precariedade deste local, de forma que o resto é levado para lá, e não bastasse isso, o resto do resto é o que sobra para a alimentação de seres humanos. Os porcos alimentam-se melhor que as pessoas. Podemos analisar as diferenças sociais de que, enquanto um grupo de pessoas com um poder aquisitivo apurado, gasta R$ 15,00 em um hambúrguer, um outro grupo de pessoas, sem poder aquisitivo algum, alimenta-se do que sobrou da alimentação selecionada para os porcos.
E se analisarmos em uma perspectiva de gênero, pode-se perceber ainda que mesmo naquela condição precária, ainda existe a hierarquia de as mulheres irem buscar os alimentos para “fazer”, já que as mulheres são a maioria na fila para pegar as sobras.
A ilha das Flores é a ilustração das diferenças sociais do sistema.
Autora: Paola Saturnino (*.*)

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